A verdade, o unilateralismo, a beleza, o índio, o negro e o black Bloc

images (1)Todo pensamento unilateral contém o inevitável autoritarismo. O entendimento de algo como uma verdade única, centrada em uma objetivação da realidade é automaticamente inibidor da diversidade e portanto da democracia.

Esta “ditadura” reflete-se na sociedade de muitas formas, desde a lógica do padrão de beleza unitário, que exclui gordas e negras do belo, até o entendimento da ideia de progresso como ligada intimamente ao aquecimento da economia, ao aumento de consumo, ao aumento e desenvolvimento das “forças produtivas”, como se fosse um ligar de uma locomotiva faminta e sem freios na direção do abismo.

201109070815340000004175Produzir significa acumular capital, conforme o pensamento hegemônico, produzir significa consumir matéria-prima e energia para que bens sejam construídos, consumidos em nome de um bem-estar intimamente ligado ao ter. Esta ideia de produção é o carro-chefe de uma ditadura de entendimento da realidade, de um pensamento único, que se vale da concepção que produzir, viver, ter, estar, morar são estados relacionados diretamente com a ideia de propriedade, com a ideia de economia com valoração de cada elemento ao redor do homem, inclusive ele, seja terra, ar, água, bichos, plantas, como se todos tivessem um preço, como se o valor de uso e troca fosse natural, nascesse com cada item da realidade ao redor do homem, líder máximo de uma lógica onde o homem é o centro do universo.

la-pensee-uniqueEsse entendimento é complementado com a recusa de percepção de qualquer outra forma de entender a realidade, de qualquer percepção cultural divergente, como passível de alguma “razão” ou sentido. A concepção de etnias indígenas da terra como parte de um organismo vivo, como elemento fulcral da existência deles para além da economia, da produção, do valor continente no uso da terra, vira anátema, pois bate de frente com a lógica, o pensamento único em torno do qual se ergue a economia e a lógica de vida ocidental, cristã, branca.

Outro aspecto da ditadura do pensamento único é a ótica do que é bom ou não para segmentos inteiros da população. Pobre morar na favela? Não pode e jamais passa na cabeça das pessoas a possibilidade urbanizar a favela, de que favela seja cidade. Greve? Atrapalha o trânsito. Proibir carro no centro das cidades? Atrapalha o direito individual da posse do automóvel, dane-se se o transporte coletivo permanece secundarizado em nome do individualismo egoísta, consumidor de combustíveis fósseis que aceleram os efeitos do aquecimento global. Lutar pelo fim dos combustíveis fósseis? Maluquice, a economia EXIGE crescimento e isso EXIGE energia, EXIGE, o conforto individual, a matriz energética em uso é o petróleo e não se fala mais nisso, energia renovável e alternativa são caras demais!

20090207_non.pensamento.unico.grandeE palavra em torno de muitas destas questões é “custo”, é a centralidade do “custo”, do aspecto monetário sobre todo e qualquer entendimento relativo à lógica do bem viver como mudança dos paradigmas de civilização, para além da precificação da vida, das pessoas, das cidades, da terra, das matas, do existir. O “custo” das coisas é central, o “custo” das coisas é o eixo em torno do qual giram a lógica que prioriza, hierarquiza o que deve ou não ter a economia direcionada para realizá-lo, ou seja, o que é prioritário para a população e sociedade é decidido em torno de “custo”.

E quem decide? Como se dá o processo “democrático” de decisão? Há democracia? Se chega ao todo todas as informações, todos os meios de decidir, o que está em jogo?

imagesPoderíamos elencar também problemas relacionados ao processo de veto à homossexualidade, de repressão à orientações sexuais diversas, à transsexualidade, à ideia do papel da mulher, à lógica de respeito à diversidade étnica, ao racismo, ao racismo ambiental e tantos outros efeitos da ditadura do pensamento único, que parte de uma hegemonia cultural elitista e chega aos jornais e Tvs e é reproduzida, naturalizada, tornada como um elemento dado da vida cotidiana, imutável, asfixiante.

E todo pensamento contra hegemônico é crime, é criminalizado.

Todo método contra hegemônico é crime, é afastamento do povo das lutas, é afastamento da regra, da lei, do bom comportamento, dos bons modos, do bom senso.

E é por isso que toda criminalização dos Black Bloc tem um pouco de navio negreiro.

A dimensão da utopia, a revolução e os novos Lênins

 Road_to_utopiaTratar de mudança política não é exatamente simples, tampouco receita de bolo. A dimensão da transformação tem tantas miríades de sentidos possíveis subjetivos a serem lidos em atos, palavras e movimentos, que a simplificação de um método ou de uma ideia de estado, ou de mesmo uma só ideia de revolução é delírio simplificador.

Se ler a realidade concreta fosse fácil e apontasse para um só sentido unitário não haveria desde sempre um mar de pensadores mundo e história afora, cada um com sua percepção de uma realidade, de uma verdade ou até da não-verdade.

A questão é que cada contexto histórico, cada conjuntura, aponta sinais identificáveis de novas formas que a multidão de gentes por vezes denominada “povo”, “massa”, “massona” ou “povão” (quase sempre por quem se aparta dela para defini-la com distância segura) interpreta se não o real a ruptura com o que entende como sistema ou peso opressivo de alguma realidade.

Cada contexto histórico traz suas insurgências, traz suas permanências, traz suas rupturas e conservações e é necessário que cada pensador ou militante que pretenda transformar este real lê-las, olhá-las nos olhos, preocupados menos com encontrar a verdade verdadeira única de todas as coisas e mais com antecipar minimamente uma tática de intervenção que consiga atrair o máximo de gente possível para oque defende como eixo de ações transformadoras.

É, amigão, to falando de convencer pessoas que tua tática revolucionária é o lance.

img_ju427-06bNeste contexto atual, por exemplo, o próprio questionamento da relação entre movimentos, partidos e ativistas com o cotidiano político é questionado. A própria relação entre os movimentos, as pessoas e a atividade política é jogada aos leões em busca de demolir concepções quadradas de vida, de militância, de relação com vidros, vidraças, mundo, ambiente, amor, mídia.

A dimensão contestatória não tá ai para fingir que não vê a frase maldita cheia de homofobia do sujeito que em tese diz que quer mudar o mundo.

A contestação, caras pálidas, não tá vestindo o fraque mediado do fanfarrão da esquina, tampouco o papo brabo de que “povão é assim”.

A contestação quebra vidraça do Itaú,a contestação arrebenta a secadora do Xingu, invade usina, ocupa Câmaras, derrete leninismos de salão querendo mais que conversinha nas terras Quilombolas, na avenida Paulista ou na praça onde Feliciano-RS prendem pessoas que se beijam em um espaço público ocupado por ele indevidamente em nome de uma só vertente de uma só fé, atropelando a laicidade do estado, atropelando a democracia de um estado cujo emblemático simbolismo de um Pastor Deputado (jamais um Deputado Pastor) chamando a polícia para reprimir lésbicas se beijando EM ESPAÇO PÚBLICO é eloquente.

street_art_24A contestação não trata a dimensão do sonho como um “Além da Imaginação”, uma “Twilight Zone” promovida por esquerdóides, amiguinhos. A contestação chegou à sala de aula, e não na cabeça de estudantes, mas na de professores precarizados em greve numa das principais cidades do país.

A contestação tá na rua derrubando um dos governadores centrais para a política do PT e para concepção de cidade mercadoria, de mundo mercadoria, de Brasil Grande neodesenvolvimentista com fome de petróleo, com fome de carbono, de escolas, de postos de saúde, de consumo que nos consome enquanto gentes a trabalhar doze, treze, quatorze horas para pagar os carnês das dívidas enquanto deixamos a vida no prelo.

A contestação pegou a dimensão do sonho gritando que não era por vinte centavos enquanto militantes amestrados pro revistas, blogs e sites de partidos acostumados com a cadeira acolchoada do poder dizia se tratar de Vândalos e Baderneiros.

imagesA dimensão do sonho voltou numa contestação mascarada que lei nenhuma vai desmascarar e enquanto isso ainda existem citadores compulsivos de Lênin procurando pelo em ovo pra justificar qualquer coisa em nome de mandatos acomodados, acostumados a pedir em vez de exigir, a criar espantalhos para a fome de moral e bons costumes de quem pede o fim da corrupção como se pedisse pães franceses na padaria mais próxima.

E enquanto a dimensão do sonho renasce com utopias múltiplas, dissonantes e polifônicas, como deve ser, a exigência de novos Lênins é clara, imensa, nítida. Mas exigem-se novos Lênins com menos fome por construir estacas fundadores de novos países e novos estados, mas canais para o fluxo contestatório passar derrubando represas.

São precisos Lênins que construam o diálogo, um diálogo amplo, que aprendam, que ensinem, que se joguem, que quebrem, que requebrem, que riam, que sambem, que ouçam a polifonia menos buscando a síntese perfeita e mais aprendendo que ruptura pode sim rimar com gostosura, com liberdade, com vontade e com verdades, sim com s, por muitas, imensas, gigantes, que nunca dorme, que se soltam noite afora quebrando tudo até a última ponta para derrubar Cabrais e outros ditadores mal-acostumados a achar que a voz das ruas é rouca, enquanto sempre foi doce.

images (3)São precisos novos Lênins prontos a divertirem-se recuperando a utopia, a dimensão do sonho em que Garibaldis, Bakunins, Marx, Engels fizeram a primavera dos povos.

Porque sempre precisamos de mais primaveras.

É a ecologia, estúpido!

imagesA questão ambiental está hoje para a esquerda como o iceberg está para o Titanic: ninguém dá bola, até ela bater de frente com o imperativo da contradição capital x trabalho.

Não é mole não, pra quem é ecossocialista, a luta diuturna contra a solene ignorada que socialistas e nem tanto dão para uma questão que cientificamente está para a luta política quanto apoiar Galileu contra o Vaticano estava nos idos do aparecimento da dita idade moderna, na classificação antigona da História em eras, idades e cortes bruscos temporais que fingia não ver que tudo é muito mais complicado do que os cortes curtos e dribles mecânicos fazem entender.

No que tange à História o Zagueiro é clarividente e o drible é visto e revisto mil vezes num replay mental que sempre vai surpreender quem ainda cisma nas táticas que ignoram o vento, o sol e o clima, como efeitos gritantes no campo de jogo.

No que tange à luta ambiental somos nós os críticos que dizem: é preciso jogar no ataque que dá pra virar o placar. Enquanto isso a estrondosa religião dos seguidores de Lênin finge que o mundo é facilmente resolvível em equações deturpadas de um livro vermelho qualquer e seguimos tomando goleada.

É dura a vida pra quem grita “é a ecologia, estúpido!” e só é dura porque há um longo e tenebroso inverno do marxismo que por inúmeras idas e vindas é confundindo com seu mecanicismo que já nos idos dos anos 1930 era criticado como mecânico por Benjamin, Marcuse e outros tantos que apontavam já lá, que a vulgarização de Marx mora na simplificação do complexo e na recusa de sair da matemática simplória do engessamento das realidades.

Enquanto muitos nadam nos manuais burocratizados deturpantes do marxismo de Lênin, acusadores de espontaneísmo aos que lêem Rosa, acusações de fratricismo aos que reivindicam Trotski, há outros tantos que catam Benjamin, Foster, Thompson e outros tantos ocultados, gritantes e até não marxistas que repicam o grito em uníssono “É a ecologia, estúpido!”.

E o grito tá aí, tá na rua, na ciência, tá na exigência de recontarmos os exércitos para enfrentar a luta, lado a lado com quem ignora a existência de Marx, mas não da natureza, e ocupa estradas, mentes, corações sendo quilombolas, indígenas, ribeirinhos, pescadores artesanais e novas gerações, novas vidas encarantes, vindas de um futuro cada vez mais tenebroso, atacado violentamente pelo Nêmesis da vida chamado Capital.

O grito tá aí, porque é mais difícil ensinar novos truques a tantos que calados no esquematismo, calados no interesse burocrático, calados e cúmplices do medo da revolução, calados no eleitoralismo, optam por não ir longe, não olhar radicalmente o problema, não enfrentar com radicalidade um tenebroso futuro onde o capital suga de forma violenta a vida da terra, e não só a humana.

O grito tá aí, tá do lado de quem morre, de quem morrerá e de quem verá uma linha do horizonte amarga e cinza, gerações inteiras que pagarão caro por nossa omissão.

936339_601578399853964_255236182_nHá que irresponsavelmente ache que se tudo se desenvolver até o talo a mágica acontecerá, confundindo desenvolvimento como uso em massa de fósseis, carvão e petróleo, em máquinas sujas, que assassinam o clima, e com o clima assassinam pessoas, espécies, mundos.

Há quem opte pro não ver por não saber ir além do gabinete.

E há quem grite com os índios e quilombolas a plenos pulmões: “É a ecologia, estúpido!”.

Não há mais tempo de tremer às mortes: do PT em diante.

lula_haddad_e_maluf

Acaso um ser humano adulto durante os anos 1930 fosse transportado para 2013, seria difícil explicar pra ele que a História não foi um processo que deu uma vitória permanente ao conservadorismo e ao fascismo.

No Brasil especialmente a derrocada do PT de Esquerda, substituído pelo PT de Ex-querda que publica em redes sociais um “Vai pra cima dos índios!” em nome da defesa de um desenvolvimento erroneamente confundido com avanço imparável de uma locomotiva genocida, trouxe à baila com cumplicidade do Partido dos Trabalhadores, um samba de enredo ruim, evolução escabrosa e cuja harmonia não rima lé com cré rumo ao caos.

A marcha conservadora no Brasil não explica-se apenas por si mesma, explica-se pela cooperação feérica do Partido dos Trabalhadores em sua construção a partir do entendimento que construir uma governabilidade que o mantivesse no alto da gerência do capital, e do estado para o capital, saísse do plano da tática para o plano da estratégia, abandonava o posto de prática provisória, para tornar-se práxis, ou método permanente.

A lógica da governabilidade para a execução de uma atividade fim vinculada com a transformação do Brasil foi substituída por uma governabilidade executada para a execução de uma atividade meio que é a manutenção do aparato burocrático para o comando do Brasil.

O que antes era dito como “Precisamos governar para mudar a vida das pessoas” foi substituído por “Precisamos governar, mudamos a vida das pessoas” e essa construção não inclui apenas o entendimento do merecimento do status de governante, inclui antes de mais nada o entendimento da necessidade quase adicta de ocupar espaço burocrático para ostentar um poder que se entende como “desígnio” como “destino manifesto”.

Não à toa a relação próxima entre os empedernidos defensores do Governo Petista, e sua megalômana e leviatânica coalização governamental, se aproximam ao fanatismo fundamentalista religioso no entendimento de uma legitimação automática de todo e qualquer ato governamental dado que este é aquele escolhido para transformar o Brasil em um acelerado e transformador veículo de condução do progresso. O problema é que esse progresso só lembra avanço se o imaginarmos como uma máquina destruidora atropelando tudo à sua frente que não consegue ou conduzi-lo ou resistir a ele.

Para agravar essa lógica perversa a relação entre destino manifesto de ocupação do poder com a governabilidade a qualquer preço, a lógica da governabilidade e do inegável poder conquistado com méritos político-pragmáticos levou ao PT a abraçar com desenvoltura tudo o que lhe permitisse não só garantir um poder nunca visto antes em tempos democráticos sobre congresso, estados e municípios, como também minar o exército adversário através da tática de cooptação de lideranças que antes eram base tucana.

O exercício dessa cooptação levou à construção de alianças com a mais perversa direita e fundamentalistas religiosos em um processo que já estava em curso com relação a outras legendas, especialmente nas coalizações regionais, e que foi levado para dentro do PT que federalizou o processo regional. Com essa tática, o PT reduziu a oposição oficial, partidária, a quase zero, a natimorta, a um espantalho bobo que só assusta quem cai nos contos de fadas despolitizados que a claque brande mundo afora.

O problema da tática é que o PT virou inicialmente um refém de sua própria necessidade, sendo obrigada manter práticas que sua história renegava em nome do objetivo final de manter-se a todo custo no governo. E com essa ação ele acabou trazendo para dentro de seu arco de alianças a oposição que mantinha fora. Esse processo inicialmente fez o PT oscilar entre recuos e avanços da agenda dessa oposição intestina à suas bandeiras históricas, porém no decorrer do tempo o processo iniciado por Lula de assimilação das forças políticas que podiam gerar algum tipo de ruído (e que inicialmente compreendia a própria base social do PT, movimentos sociais,etc, cooptados sem dó nem piedade no decorrer dos anos Lula) passou da assimilação de nomes e partidos para a assimilação de programas e o que era externo ao PT, que engolia em nome de um projeto, virou o próprio PT, que agora tem inclusive entre seus quadros quem sustenta discursos similares ao mais abjeto fascismo de Malafaias, Bolsonaros e Felicianos.

E nesse processo o que se vê é a percepção por parte do PT e do Governo de que esta agenda conservadora e fascista não é uma agenda problemática e que os movimentos e pessoas que sustentaram a chegada do PT ao poder, e antes ao estágio de maior experiência da esquerda mundial, não são mais necessários.

O ataque aos direitos das minorias e o patrocínio de homofóbicos e suas políticas levados a cabo pelo PT são a marca disso. O ataque aos povos originários, indígenas e quilombolas, em prol do avanço do agronegócio não são efeitos colaterais da tática, são a própria tática, são a escolha de um lado, o do dito desenvolvimento do país, sendo que desenvolvimento é visto como crescimento de indicadores econômicos e não necessariamente de melhorias estruturais para a população brasileira, que se consome continua sem escola e saúde de qualidade.

E o que faz a oposição de esquerda nesse momento? Bem, considerando a gravidade do momento e a óbvia desconfiança para com toda a esquerda depois do que aprontou o menino PT, a esquerda até que aos trancos e barrancos consegue alguma unidade de ação que se não supera a fragmentação, supera o imobilismo. E esta esquerda possui um gigantesco desafio pela frente, que é superar o descrédito e mais, a metodologia que herdou da tradição socialista e também do próprio PT, da qual a maioria saiu.

Diante de um quadro onde lutadores de todas as origens que se referenciavam no PT, apoiavam o PT ou faziam parte de seus quadros, pedem pra sair, porque já não suportam o debácle do PT e o estupro de sua história em nome de uma governabilidade que só serve hoje para manter as íntimas relações entre os comissários e doadores de campanha, cabe à esquerda se reorganizar para ocupar mais celeremente o espaço deixado vago pelo ex-PT.

Alguns desafios são claros aos partidos e movimentos de esquerda: superar a formação flácida da maior parte da esquerda, que resume seu cotidiano teórico à reproduções acríticas dos escritos marxistas-leninistas, sem uma reflexão concreta sobre a teoria de Marx e seus comentadores através dos tempos em toda a sua abrangência; Ir além de Marx, compreendendo formação como mais que adestramento, mas como espaço de reflexão, de formação de capacidade analítica e para isso exigindo uma formação robusta com possibilidade de contraponto, de leitura do contrário para além do “precisamos compreender como o inimigo pensa”, mas sim “precisamos entender a amplitude de ferramentais teóricos à nossa disposição”; romper como viés burocrático de ocupação de espaço político pelo espaço, sem leitura estratégica da necessidade de trabalhos de longo prazo e portanto da necessidade de conquista da hegemonia político-ideológica, que passa pelo cultural; ir além do eleitoral, sem no entanto negar-se a ele não só como abertura de espaço de debate, mas como fundamentalidade da defesa de direitos adquiridos e populações marginalizadas e tidas como minoria, diferenciar-se do PT, diferenciar-se do possibilitismo da esquerda pós-anos 90, buscar ser “impossibilista’, acreditando na inovação, seja tecnológica, política, metodológica. Entendendo a necessidade de renovar linguagem e métodos, sem perder-se nisso como um fetiche “desmarxizador”, mas entendendo a necessidade de dialeticamente reconstruir o papel de transformadora que a esquerda possuía; A esquerda precisa ser também propositiva, porém não entendendo proposição com timidez, entendendo proposição com radicalismo, entendendo a discussão sobre políticas públicas questionando o cerne ideológico delas, não se prendendo e assustando quando ver o temor custo colocado como empecilho, sendo que custo é ali um entendimento neoliberal da ideia de política pública, como se o custo financeiro fosse mais importante que o custo social da imobilidade, isso se aplica muito na discussão sobre energia, quando brande o custo da energia solar como empecilho, sendo esse raciocínio ocultador também do custo não declarado das energias prioritárias para o capital, como nuclear e fóssil.

Enfim, há um longo desafio para as esquerdas pela frente, sejam elas as partidárias ou não, e para percorrer esse caminho é preciso agir, é preciso estar atento, forte, não há mais tempo de tremer às mortes.

Brasil: Um País de esqueletos no armário #desarquivandoBR

tumblr_m2clmrKfeC1qejpkbo1_500A história do Brasil é repleta de esqueletos no armário, do impedimento do encontro das muitas faces da verdade ocultadas em armários, gabinetes, medos e pavores dos que comandam a pátria mãe tão distraída.

Da Abolição a Canudos, do Contestado à Revolta da Vacina, da Revolta da Chibata à Vargas, de Vargas a 64, de 64 até 2013, o número de esqueletos no armário só aumenta, fazendo com que o país necessite de muitas comissões da verdade para extirpar as manchas indeléveis que permanecem nítidas em sua história e são reproduzidas no cotidiano da sociedade através das eras.

Charge 1As torturas nas delegacias de hoje são frutos da reprodução das práticas das tantas ditaduras ou do passado escravista onde o outro devia ser reduzido pela dor à uma peça obediente para que o controle social fosse efetivo?

As mortes cotidianas de jovens negros são fruto da política das ditaduras sendo mantidas com as mesmas táticas e diretrizes ou da criminalização de negros e pardos como pobres, e portanto criminosos, que se iniciou ainda no pré-abolição?

imagesA secessão entre pobres e ricos, as restrições de protestos, as restrições de expressão, a violência cotidiana com relação a direitos das minorias majoritárias, a manutenção na porrada dos padrões de comportamento em uma disciplina social ferrenha, autoritária e violenta são fruto dos resquícios da ditadura de 64 ou dos muros invisíveis erguidos para justificar a escravidão e manter o controle social sobre escravos, pretos, pobres e mulheres por uma sociedade escravista onde o macho adulto branco não fazia a menor questão de não reivindicar seu lugar no topo da cadeia alimentar?

São muitas as perguntas e nenhuma das respostas deveria ignorar que cada esqueleto guardado no armário torna o Brasil um país com uma das sociedades mais injustas do mundo, e que não só não resolve seus problemas do passado como se esforça para alimentar o faminto armário de mais esqueletos para a manutenção da nódoa de lama e sangue a qual nomeia História.

images3A manutenção dos ossos no armário não permite o reconhecimento da história do Morro da Providência e a presença fundamental daquela população onde está para manutenção da memória dos primeiros atingidos pelas inúmeras reformas urbanas do Rio de Janeiro e pela memória da guerra do Paraguai e Canudos.

A manutenção dos esqueletos no armário permitiu que João Cândido morresse na miséria, sendo mantido pela marinha como criminoso, mesmo tendo sido um herói da luta antirracismo naquela força armada.

jt11_ditaduraA fome do armário de ossos também mantém a lógica de resistência a uma fictícia guerra entre comunistas e a “nação” que produz Bolsonaros e Felicianos e também mantém Canudos e Contestado como anátemas para um exército acostumado e pisar na cabeça da população que cisma em fugir de uma ordem platônica erguida pela corporação e cujo lema Ordem e Progresso não se furta a atropelar peles pretas e pobres que por acidente estejam em seu caminho.

militaresarquivosditaduOs esqueletos no armário também mantém até um governo, onde boa parte de seus membros é vinculado diretamente à resistência contra a ditadura de 1964, refém de um pragmatismo torpe e cúmplice da manutenção dos esqueletos dos mortos e desaparecidos pela ditadura militar ocultos sob camadas e camadas de arquivos fechados e cujo teatro da Comissão Nacional da Verdade nem de leve pensa em remover o pó que os oculta, um pó repleto da tradicional injustiça de nosso Estado, de nossa Pátria, que devia ser fratria e nem mátria é.

ditadura1Enquanto os homens exercem seus podres poderes o armário permanece alimentado de esqueletos, alguns muito antigos, e o país rico, que se pretende sem pobreza, segue batendo em índios, negros, gays e mulheres. Segue mantendo a injustiça e prosseguindo sob uma lenga lenga de “Mudamos a vida das pessoas” deixando os rastros de sangue de uma ausência de qualquer mediação entre a violência conservadora do status quo e os inúmeros atingidos pelo seu voraz caminho de enriquecimento dos barões e amigos do rei.

esqueleto limparEnquanto os homens exercem seus podres poderes e buscamos fazer renascer nosso carnaval o grito de “Apesar de você” segue preso numa garganta acostumada a romper o silêncio da paz de cemitérios que é nosso país na marra, na rua, numa raça que só quem possui a estranha mania de ter fé na vida poderia ter.

Os arquivos são muitos, os esqueletos são muitos e serão mantidos fechados enquanto não entendermos que a morte dos Juvenais e Raimundos, de tantos Julios de Santana, se refletem no Xingu, em Belo Monte, na Providência, em Manguinhos, no Capão Redondo, em Porto Alegre, no Mato Grosso, na Avenida Paulista.

frase-se-voce-nao-se-pode-livrar-do-esqueleto-que-esta-no-seu-armario-e-melhor-que-o-ensine-a-george-bernard-shaw-154307Para amanhã ser outro dia é preciso que entendamos quem manda na chave dos armários onde os esqueletos estão guardados, é preciso que entendamos quem se mantém guardando os esqueletos desde o Império e ainda hoje, em um governo do ex-Partido dos Trabalhadores, possui o poder para continuar alimentando-o com novos ossos.

ditaduraÉ preciso que lembremos sempre a memória de tempos onde lutar por seu direito era um defeito que mata, e para isso é preciso que lembremos o tamanho do armário de ossos, os tantos ossos ali ocultos, que lembremos quem guarda a chave, para que o abramos e deixemos sair nossos heróis que não morreram de overdose, mas de História, e nos aguardam para que os façamos ver o sol nascer a nosso lado, como memória, como verdade, como justiça.

Post participante da VII Blogagem Coletiva #desarquivandoBR..

Omissões e assassinatos

Por Gilson Moura Junior

 

DILMA/SUPERSIMPLESEscolhas políticas tem peso dois na vida humana. E esta última entre opções políticas e vidas  se refletem cotidianamente.

Escolher o projeto do PMDB no Rio de Janeiro resulta em última análise em cumplicidade com o ônus e o bônus dos governos deste partido. Se o PMDB foi o partido que atuou na governança que em algum grau esteve presente nas tragédias das chuvas de 2010 e 2012, no estado e no município, as mortes advindas destas tragédias tem a impressão digital destes governos e deste partido.

Da mesma forma o homicídio contumaz, pra não dizer genocídio, de jovens negros e pobres nas grandes cidades têm a impressão digital dos governos que comandam as políticas destes estados e que não atuaram na transformação do papel das polícias que de capitã do mato virou agente de repressão da população pobre e negra com metodologia não muito diferente dos primeiros perseguidores de escravos fujões.

Lançamento do plano Agrícola e pecuário - Foto Wenderson Araujo (52)Se os governantes não puxam o gatilho ao menos são omissos quanto ao combate do papel exercido pela polícia que comandam.

Porém não basta culpar os governantes do PMDB ou do PSDB por uma característica quase inata ao que representam estes partidos, atores eleitos pela elite como porta-vozes de suas convicções e concepção de estado, é preciso estender a responsabilização aos neófitos na arte da representação da concepção de estado da elite que são os partidários do Partido dos Trabalhadores, outrora um partido de esquerda.

Usina-UHE-Estreito-do-Maranhão-Hidrelétrica-no-Tocantins-inauguração-da-UHE-Estreiro-presidente-Dilma-Rousseff-Siqueira-Campos-José-SarneyAlém disso, é preciso também entender que quem opta conscientemente por uma política de blindagem dos governos do PT, de qualquer esfera de estado (Municipal, Estadual e Federal) tem uma relação de cumplicidade última com o apoio ao latifúndio, ao agronegócio e com os ataques aos povos indígenas, quilombolas, às minorias LGBT e às mulheres. Ocultar os recuos do governo federal e governos estaduais e municipais em todas as questões que se relacionam com Reforma Agrária, LGBT, Quilombolas, povos originários e mulheres é ser cúmplices das ações destes governos.

12534111Ao omitir-se diante do envio das polícias para bater em professores na Bahia ou em Sergipe os apoiadores dos governos do PT são cúmplices da mão policial que empreendeu a repressão. Ao omitir-se de ações veementes com relação a uma crítica contundente quanto ao nítido recuo dos governos do PT ( Dilma só assentou mais que Collor, o pior até então) com relação à reforma agrária e com opção nítida pelo agronegócio, os apoiadores dos governos do PT tornam-se corresponsáveis pelo avanço da violência no campo a partir do crescimento do poder do latifúndio.

images (1)Ao optar por blindar os Governos do PT, o MST optou também por omitir-se diante do nítido avanço do papel dos ruralistas no governo que apoiam. O MST critica corretamente Katia Abreu e a vincula com Serra, a quem a senadora apoiou em 2010, mas ao omitir-se de efetuar uma avaliação crítica das relações carnais entre Dilma e Katia Abreu (E porque não dizer do PT) e o agronegócio, o MST contribui pelo engessamento da luta pela terra e para a exposição de lutadores e lutadoras ao avanço do ruralismo, do latifúndio, e este nunca avançou sem sangue.

images (3)Ao fingir não saber que a opção pelo agronegócio por parte do governo federal, que inclusive cogita nomear a senadora Katia Abreu para um ministério, o MST toma a esquerda e sua base por míopes. Em nome da opção pelo apoio e pela blindagem do governo do PT o movimento finge não ver a aproximação acelerada com o PSD que leva inclusive à presença entre os ministeriáveis de Afif Domingos, atual vice-governador do mesmo estado de São Paulo cujo governador é Geraldo Alckmin do “inimigo declarado” PSDB, o mesmo partido do “satã” José Serra. Além dos indícios acima a cogitação do PT-SP apoiar Gilberto Kassab para o senado em 2014 não é desconhecida dos meandros políticos, rifando Eduardo Suplicy.

imagesAo omitir-se diante do avanço nítido do agronegócio para a gerência do estado brasileiro com a cumplicidade do PT, gerência essa materializada pela aproximação com Katia Abreu, o MST se torna cúmplice do latifúndio pela via da omissão.

A cereja do bolo da contradição absurda de fingir não ver as relações carnais entre ruralistas e o desenvolvimentismo petista é o movimento usar a partir de um assessor seu o termo “invasor’ para se referir a sem terras ocupantes do instituto Lula em nome da blindagem do governo.

1507-3Ao usar “invasor” o movimento reproduziu o ataque do qual foi alvo durante toda sua existência e tendo sido a opção por uma mistura de partidarismo com resistência à ver seu nome, e suas relações, manchadas por uma ação de dissidência, o uso do termo torna-se ainda mais grave dado que sua utilização se fez a partir de uma atitude de baixa política.

images (2)Ao vincular a ocupação ao PSOL o movimento ainda optou pelo desvio de foco da questão grave que é o fato da ocupação ter sido feita a partir da ameaça de despejo do Assentamento Mílton Santos (assentado pelo INCRA durante o governo, Lula daí a opção pela ocupação do Instituto do ex-presidente) em um estado onde já tivemos Pinheirinho e useiro e vezeiro da utilização de feroz violência para expulsar ocupantes.

images (4)Neste contexto o assassinato do lutador Cícero Guedes, líder do MST, em Campos, Norte Fluminense, é um triste lembrete dos limites das concessões e blindagens, dado que a mão pesada do capital e do latifúndio não faz concessões aos oprimidos. Em meio à cálculos políticos, vítimas fatais seguem sendo feitas. Em meio à escolhas de cúpula, lideranças locais morrem. Enquanto a burocracia do movimento oculta às suas bases que o Governo federal é no mínimo cúmplice por omissão da opressão que as vitima, os latifúndio é estimulado a expandir-se, enquanto o recuo da reforma agrária, patente e escandaloso, é presenteado pela blindagem do maior movimento de luta pela reforma agrária.

Neste momento de solidariedade com todos os sem terra, em especial os companheiros assentados do assentamento Zumbi dos Palmares, que ocupam a Usina Cambahyba em Campos , não podemos esquecer de que poucos dias antes outros sem terra, que podem também serem vítimas da mão pesada do capital, foram vítimas da legitimação do rótulo de “invasores”, que tanto usa a mídia empresarial aliada do latifúndio, pelo próprio Movimento dos trabalhadores Sem Terra que pela sua inegável legitimidade os deveria defender.

Se não podia ou queria legitimar a ocupação, que a crítica não contivesse a desqualificação que a mídia busca ininterruptamente gravar nas mentes e corações da opinião pública como relacionada ao MST. Ao optar pela desqualificação que antigamente recebia, e em nome da blindagem do Governo do PT, o MST cruzou seu rubicão.

Lider_do_MST_Cicero_GuedesA solidariedade para com os companheiros do MST que perderam mais uma liderança neste cotidiano de luta contra o latifúndio não pode esquecer que mais mortes ocorrerão enquanto perdurar a omissão do maior movimento de luta pela terra no que tange ao combate ao imobilismo consciente do governo Dilma e do Partido dos Trabalhadores quanto à reforma agrária.

Escolhas políticas tem peso dois na vida humana, e muitas escolhas causam morte. Para evitá-las é preciso que a solidariedade não se torne muda, acrítica e perdure na sustentação de omissões.

Um Índio

Muito me tira do sério determinados usos da generalização “índio”.
Embora entende que a generalização é também um instrumento de diálogo e que também é uma categoria nativa, usada pelos indígenas para conosco, e que eles nos vẽem como “os Brancos’, a lógica comum, cotidiana, do uso da categoria não é exatamente um modelo de pensamento criador de pontes, mas de estereótipos limitadores e desumanizadores.
Um índio para a população, mídia, escolas, e se bobear até intelectuais, é um sujeito vestido com roupa de penas, que caça e pesca seu alimento e que atrapalha usinas. Um índio serve como arquétipo de fantasias infantis ou de carnaval, como imaginário pro-ecológico “abraço na lagoa”, serve para delírios de socialistas utópicos, para delírio de quem pensa no não-humano, uma espécie de duende vivo e meio vermelho que tá ali pra nos salvar da brutalidade branca ocidental.
Todos esperam um índio, aquele mesmo, que descerá de uma estrela colorida, brilhante e nos dirá o óbvio. E neste meio tempo finge não ouvir o que indígenas das etnias Pataxó Hã-Hã-Hãe estão dizendo na Bahia, o  que indígenas Krahó dizem ao observar que a ampliação de estradas próximas às reservas no Tocantins, efeito indireto de Belo Monte, acabam por ampliar exploração sexual de crianças indígenas, não ouvimos as etnias Xikrin, Parakanã, Kuruaia, Assurini do Xingu, Arara do Cachoeira Seca, Araweté, Juruna do Pakisambae que se juntam para denunciar e combater a danosa construção de Belo Monte e todos os males relacionados à elas e que concorrem inclusive para levarem a cabo um profundo ataque à elas, e que pode levá-las a problemas que incluem até a extinção.
Não ouvimos os índios quando nos dizem o que estava oculto e no que era o óbvio, mas cantamos que esperamos Um Índio, que descerá de uma estrela colorida e brilhante.
Não ouvimos os índios reais, mas fantasiamos Um Índio, pintamos nossas crianças como esse índio, desumanizamos os reais os transformando em uma fantasia, que a cada dia parece que será exatamente isso, uma fantasia, pois a realidade estará extinta.

Vamos comer Caetano?

Ouço Caetano desde sempre. Embora  me irrite por vezes suas opiniões, e as ache, em especial as sobre política e cultura, um grande mar de equívocos, suas canções tem uma presença fundamental na minha sensibilidade. O registro vocal, as questões, a própria forma de escrever as  letras, a poética, o barroco, a ironia, o riso, a dor e o lado Logunedé, tudo são elementos de proximidade.
Andava de birra com o sujeito, muita, pelas suas posições escritas em O Globo, muita birra. Ultimamente voltei a ouvi-lo como quem reencontra um velho amigo e sou surpreendido por uma entrevista dada ao jornalista Paulo Werneck, que pode ser lida aqui, onde  entre outras coisas voltamos a concordar em algumas coisas, como: “Hoje sou totalmente pela Comissão da Verdade e não acho que torturadores devam ser perdoados. Os guerrilheiros foram punidos (inclusive com tortura e morte). É enganoso equiparar os dois tipos de crime.”. 
Não é preciso dizer que Luis Fernando Veríssimo já havia matado a charada que o leitor só é feliz com o colunista que concorda com ele, e vou continuar discordando do Bardo Baiano em um tanto de coisas, mas muito me deixa feliz que uma voz da qual pouco esperava ouvir coisas como esse saia um apoio explicito a uma prestação de contas pública do país com sua história.

A critica também à esquerda como por vezes comodamente uma fábrica de maniqueísmo montada na fácil ignorada básica quando o autoritarismo veste nossas roupas, que ele cita apontando para o apoio ao imperialismo Chinês no Tibet e questões da Coréia do Norte e eu aproveito para de minha parte apontar o dedão pros apoiadores dos absurdos em Belo Monte, também é outro ponto de fantástica observação, que deve sim ser elogiado.
Caetano não se tornou nenhum Lênin ou Malatesta pra mim, mas em uma ótima entrevista faz excelentes  críticas, constrói excelentes posicionamentos e se discordo dele no louvor a Mangabeira Unger tampouco vou desqualificá-lo por adotar uma vertente ideológica da qual discordo. Há um pouco de arrogância intelectual que despreza o que lhe é díspare, talvez uma versão de “Narciso acha feio o que  não lhe é espelho”.
E considero um bom vento quando com toda divergência concordemos, eu e Caetano, tantos e Caetano, que precisamos sim de mais auto-crítica e passar a limpo nossa história, e que com tanta diferença possam se tocar posicionamentos que no fundo abraçam-se no humanismo.
Vamos comer Caetano? Vamos Revelarmo-nos?