O PSOL precisa apresentar um programa pros desafios do Brasil e não um nome para cabeça de chapa

Sem um debate sobre programa, a discussão sobre Lula ou Gláuber é inócua. E qual o motivo de ser inócua? Porque a centralidade da ltua antifascista vai muito além do nome que vá encabeçar uma chapa presidencial para 2022.

O mundo passa por uma emergência climática, o Brasil é central neste debate, e o impacto desta emergẽncia nas populações mais pobre,s indígena,s pretos e pretas, especialmente mulheres, é enorme.

O desmonte do estado, da ciência, das políticas ambientais, do Bolsa Família, tudo concentra uma série de desafios que a esquerda precisa responder e não importa se lula ou Gláuber ou Papai noel são os mais indicados para enfrentar estes desafios,o que importa é como nós vamos interferir no debate para enfrentar estes desafios.

Como o PSOL entende que o país deve enfrentar estas questões? Como o PSOL acha que a esquerda precisa agir nestes casos,que propostas lutaremos para que o próximo governo organize sua intervenção nestes temas?

É algo inconcebível que a esquerda ainda se prenda em um debate paternalista e tutelador querendo salvar o PSOL de si mesmo e não enfrenta o debate concreto que paira sobre nossas cabeças: enfrentamento da fome, da devastação ambiental, da violência política, da necessidade de uma reconstrução do país e da marca do PSOL nela.

Porque ao mesmo tempo em que a conjuntura nos obriga a discutir seriamente se vamos excluir conscientemente o partido do enfrentamento concreto ao fascismo nas urnas e ruas através da unidade, pagando um altíssimo preço junto à população, ela nos impõe o método para esse enfrentamento.

Enquanto o mundo explode estamos discutindo como se constrói diretório municipal, que já deveria estar sendo empossado a partir do resultado do congresso, mas se preferiu adiar o processo, produzindo retrabalho, perda de tempo e atrasando mais e mais um debate que poderia ser franco, unindo nossos consensos possíveis independente do resultado das convençẽos em 2022.

Enquanto se garimpa osso em metrópoles enfrentamos o silenciamento que sequer pôs em prática uma avaliação coletiva do processo congressual e produza debates guias coletivos em torno da conjuntura.

O PSOL falha miseravelmente, em Pelotas, e não só em Pelotas, mas ainda exige meios de corrigir o rumo guiando a militância para um debate coletivo sobre nossos desafios e produzindo mecanismos onde a militância não seja feita apenas a partir de compartilhamento de mensagens via Whatsapp.

Nossas divergências  não deveriam ser entraves para a produção de um debate que precisa ser mais amplo do que em Pelotas: a necessidade de enfrentamento de uma conjuntura onde precisamos liderar a resistência ao fascismo sem sectarismo, sem a luta entre projetos de luta contra a fome, sem o desenxabido silêncio diante da necessidade de sermos um partido e não um conjunto fratricida de correntes em auto construção.

E se não armamos nossos companheiros de militância de ferramentas para enfrentar a conjuntura, sob o álibi de sermos adversários internos em relação às nossas concepçẽos de partido e programa, como acreditamos realmente sermos capazes de liderar processos políticos mais amplos, seja uma eleição ou uma Revolução?

O país em chamas, o fascismo sob profundo ataque e sentindo os golpes, dobrando suas apostas na violência polícia, a mensagem dos lutadores socialistas sendo cada vez mais explícitas, de Marielle à Marighela e vice-versa,a fome vitimando nossos companheiros sendo visível nos containers contando sempre com alguém tentando achar comida entre o lixo e o que fazemos? Reuniões de corrente, conversas aleatórias sobre cozinhas Solidárias e outras cozinhas que não chegam?

E todos somos culpados desse imobilismo que não põe o PSOL na rua, que se restringe à ação dos mandatos, que não mobiliza nossos setoriais e núcleos para irmos além da institucionalidade e pelo menos por o PSOL na rua, com a militância minimamente organizada em banquinhas, em tarefas de arrecadação de comida, ou pelo menos em debates públicos sobre isso.

Nossa militância é mega ativa, mas se organiza sem uma direção tática e estratégica definida do partido e se coloca muitas vezes como porta-voz de divergências de interesses exclusivos das correntes das quais participa sem uma visão global da conjuntura ou até de seus próprios campos.

Resolver isso não é complicado, começa com um debate sério sobre o que estamos vivendo em plenárias, sobre a produção de um dever político coletivo de convivência que supere divergências entre correntes e se lembre que o partido não pode ser um condomínio de correntes onde a informação é uma arma que exclui quem é independente ou de correntes “rivais”.

Se nosso partido é menor que nossa causa, nossas correntes também são, mas todos eles são cruciais pro enfrentamento da tarefa de armar a população, e nossa militância, de ferramentas para conhecermos, discutirmos, entendermos a realidade e como enfrentar os desafios que ela coloca em nosso colo.

Precisamos reunir nossa militância e começar apensar que programa nós do PSOL queremos que seja defendido por quem representar o partido em 2022, mas antes precisamos discutir, coletivamente e para além de nossas divergências, como é a conjuntura atual, para permitir que nossos companheiros entendam conosco o mundo ao nosso redor, nossas tarefas, responsabilidades e capacidades de enfrentamento.

A voz do outro que há dentro de mim

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Um dos aspectos mais irritantes da cultura política liberal é a transformação da política em um jogo lúdico onde o movimento sexy das classes em embate é quase transformado na subordinação da luta às regras do bom senso cavalheiresco, com VAR e o diabo.

Difícil manter um mínimo de controle diante da bazófia média de falsas simetrias, arrogâncias doutas e outros mil problemas que fazem com que o que eles pregam como diálogo seja submissão e saída seja a adequação.

Mas em quadros conjunturais onde o inimigo é infame a ponto de fazer com que a luta de classes seja parcialmente posta em segundo plano, maomeno, pra dar lugar a uma luta pela democracia,é de bom tom um debate aberto com os liberais, liberais “progressistas’, sociais-democratas, esquerda-namastê com baixo carboidrato,etc.

E isso porque o bicho tá pegando e tem gente morrendo enquanto a falsa simetria do “E o PT?”, a redução da esquerda às legendas, do mundo ao “Lula Livre” e da esperança à que Bolsonaro se civilize não ajudam muito na produção de boa vontade mútua. E a gente precisa sempre lembrar que tem gente morrendo.

Foi mal, desculpa te deprimir, e eu sei que te deprime, mas tem gente morrendo, gente sem conseguir pagar aluguel, gente desempregada e sem parente rico pra acolher, gente com filho doente, gente com filho autista doente, o caralho. E a saída tá longe de ampliar a ajuda humanitária interna ao país, porque isso ajuda praca, mas não resolve.

A gente precisa tirar o homem do poder, pra ontem.

Não, não vamos nos abraçar depois, vocês não acreditam no fim do capitalismo, acham que é maluquice de gente bêbada resistir à reforma da previdência, entendem Marx como ultrapassado enquanto louvam a metafísica neoliberal, que requenta de forma ruim o liberalismo já metafísico de Ricardo e Smith, que lutar pelo meio ambiente é usar sacola de plástico reciclado e que todo socialismo/comunismo é Stalinista, ignorando sei lá, sessenta ou mais anos de trotskismo, anarquia,etc.

Nós não achamos que o capitalismo que beneficiou tua classe, que te deu os privilégios,os cursos de inglês, o banho de cultura na Europa, quando a gente no máximo chega no Jardim Europa ou na Praça Paris, que detona a Amazônia, as baleias, os pretos, pobres e LGBT, as minas, os manos, seja solução pra nada, a gente quer ecossocialismo e planejamento democrático, a gente quer uma vibe queer antirracista, contra o patriarcado, que escrache o privilégio e nos imponha a autocrítica como valor fundamental e a solidariedade pra além do abraço e da ciranda.

Então, amor, sim, no minuto seguinte que o fascismo for atropelado a gente vai cair na porrada, a paz dos cemitérios que vocês desejam não virá, nós não daremos trégua, nós faremos greve, nós chamaremos vocês de brancos ricos que usam camisa de solidariedade a Cuba e ignoram o Haiti.

A gente vai lembrar todo dia que o branco rico é privilegiado e que seu amor no coração e merda é a mesma coisa quando a gente tem que parar de comer pra pagar a conta de luz.

Mas a gente ou derrota o fascismo ou morre, com a esquerda indo primeiro, sem deixar de incluir boa parte da burguesia e pequena burguesia que mete “E o PT?”, achando que há uma escolha difícil entre um fascista e o outro lado, composto de mais gente e de democratas do que o PT consegue compor internamente em sua legenda, e de gente que foi e é oposição ao PT até hoje.

E antes da esquerda já tem índio morrendo, pretos e pretas, bebês, LGBTs, o número de mulheres assassinadas em feminicídios aumenta a olhos vistos e um canalha vestindo faixa presidencial, eleito pela ação ou omissão de muita gente supostamente civilizada, tá no poder e precisa sair dali antes que o número de corpos aumente.

O meio ambiente tem um grau de devastação que remete ao início do XX e o planeta em um grau de sobrecarga que não nos permite mantermos um comportamento omissão diante disso, e Bolsonaro é uma parte, crucial, do problema.

Então mantenhamos nossas disputas e divergências, porque é delas que se alimenta a democracia, mas já passou da hora de sairmos construindo a defesa do impeachment de Bolsonaro e de uma repactuação democrática para que o país não mande pro inferno décadas de organização de políticas de estado que melhoram a vida da população.

Uma dica: uma repactuação democrática atrasa revoluções, ao menos por algum tempo. Pode ser interessante para sua pregação de paz na Terra aos homens com boa vantagem.

O lance é que a hora é agora, o momento é já. A resistência de qualquer princípio democrático é fundamental até para que a construção de nossas formações políticas civilizatórias se dê não em um ambiente de sobrevivência, mas de vivência e crescimento.

Até pra derrubar o capitalismo é preciso democracia.

Senta que lá vem História! – Exército, PM, Edson Luiz e Marielle #DesarquivandoBR #MariellePresente #NãoÀintervenção

 

A moral deles e a nossa

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Se você é meu amigo, parente, seguidor, passou por ai e resolveu comentar lembre-se: Eu lido com meu perfil como o Jandir lidava com atacante adversário quando jogava na cabeça de área do Fluminense, não tenho o menor pudor de dar voadora.
 
Não, não tolero fake news e ataque à reputação da Marielle.
Se você viu, leu, ouviu falar da notícia sobre ela e CV e não leu que é boato e quem tá compartilhando está sendo denunciado e será processado, o Google tá disponível.
 
E se eu ver eu vou denunciar.
Somos todos adultos afinal e caráter é uma parada que eu tenho um puta apreço, de berço.
 
Sou filho de policial civil, que de tão honesto passou perrengue de grana até praticamente morrer.
 
Sou filho de um homem que me deu seu nome, e eu respeito esse nome pra caralho.
 
Não, não sigo uma linha reta e uma régua que me faz tangenciar necessidades financeiras que beiram passar fome pra permitir que outros sejam desonestos intelectuais, políticos, morais ou éticos.
 
Eu consigo ser honesto até na merda, não é tão difícil.
 
Sou anarquista-Comunista-Socialista, Groucho-marxista, de esquerda enfim, sou fragmentado, mas do lado de cá da luta de classes.
 
Não tolero o conservadorismo calhorda que mata reputações por discordar do outro, não tolero e combato até sair sangue, ou o meu ou o seu, mesmo que seja o mesmo sangue.
 
E não, isso não significa que busco a secessão ou o sectarismo, busco o papo reto, o papo correto e honesto. Quem busca a secessão e o sectarismo é quem perfila com Bolsonaros e afins e trata o diferente ideológico como “esquerdopata”, tratando como doente ou como bandido, defensor de bandido, canalha e ladrão, mesmo que quem utilize os desvios éticos da desqualificação do outro,uso de calúnia e autoritarismo, defende assassinos e corruptos não seja o comunista, o socialista ou o anarquista.
 
Eu tolero até os modernos e seus segundos cadernos. Eu respeito tiranias. Mas eu não gosto do bom gosto, do bom senso, dos bons modos que ocultam canalhas atávicos.
 
Há um limes entre a disputa e a canalhice.
 
E o limes é o ethos, o ético e o respeito ao outro, à alteridade, até meus inimigos precisam ter um código concreto e real e respeitá-lo.
 
A coragem é o limes do ente, e ter coragem não é ser idiota de enfrentar hunos com palitos de dente, é saber-se ter uma linha de comportamento que te faça digno de receber o título de gente.
 
Quem usa fake news e assassinato de reputação não é “reacionário de estimação”, é canalha.
 
A moral deles não é a nossa.

Marielle, grandeza e o Lulismo

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Escrevi um texto com diversas observações a respeito da execução de  Marielle Franco e recebi muitos comentários animadores sobre o que ele contém.

Menos um, um comentário em que o autor diz: “Parei de ler no: “vivendo sob uma martirização fake de um ex-presidente cúmplice de oligarquias bandoleiras”.” e termina dizendo “Faça me o favor companheiro. E ainda se diz historiador…”.

Porque não basta ignorar o que se escreve, menos ainda esquecer a possibilidade de expedir um debate, é preciso desqualificar o autor e dizer que não será mais leitor.

E tudo porque o leitor deduz no texto que o autor é favorável à condenação de Lula.

Em que pedaço do texto isso é indicado? Em nenhuma linha. Inclusive Lula e o PT são pouco criticados no texto, menos do que deveriam ser, e o texto pouco os menciona, trabalhando muito mais com questões que circundam toda a esquerda, inclusive a ligação entre esta e o lulismo, o PT,etc.

Pouco falou-se no texto sobre golpe, e mesmo a menção é tangencial. O texto se prende mais em bater em “Trump, Le Pen, Piñera, May, Bolsonaro, Temer, Dória, Kataguiri” e quem os defende.

Menções ao PT? As há sim, claro, mas analisando a conjuntura em que o partido esteve envolvido  a respeito da ampliação do estado policial e repressor e sua participação como condutor da primeira fase de agravamento deste estado que agora vitima seu maior líder em especial sua participação pós-crise de 2008  e ainda define que o PT agiu assim  “como bom leitor de conjuntura e seguidor delas fez sua parte nessa construção e deve ser cobrado por isso”.

A outra menção tangencial se dá do meio pro fim do texto, depois de uma longa contextualização e reflexão sobre a conjuntura e ai chega no trecho que ofendeu duramente o leitor e o fez abdicar de ler o resto:

“A esquerda estava isolada, nas cordas, quase nocauteada, vivendo da busca por um salvador da pátria, vivendo sob uma martirização fake de um ex-presidente cúmplice de oligarquias bandoleiras. Agora não está mais.”

A teoria do leitor é que aqui eu desprezei a condenação do lula, quando eu escrevo sobre a martirização fake dele. Em resumo na cabeça do jovem se eu não entendo Lula como mártir eu automaticamente apoio sua condenação.

Já opinei várias vezes sobre o caso Lula, inclusive neste blog, qualquer leitor minimamente atendo e real seguidor do blog vai achar algumas linhas sobre o PT e Lula, há marcadores a respeito,mas dificilmente vão me ver falando da lava-Jato e quetais.

Por que? Porque eu não quero, não acho que o tema seja relevante sob a minha perspectiva política e porque não consigo sentir empatia mais forte com um ex-presidente lotado de bons advogados que acusa militantes que forma às ruas em 2013 de fazerem parte de uma trama da CIA e se omite em questionar os militantes presos e perseguidos desde 2013, como Sininho, Camila Jourdan os anarquistas de Porto Alegre, e gente que nem era militante e foi preso com Pinho Sol, como Rafael Braga.

Eu teria a grandeza de ser solidário a Lula se seu partido, seus militantes e seus fãs tivessem a grandeza de serem solidários com todos os demais que forma vitimados por suas políticas e por sua ação direta e clara como na criminalização de ativistas pós-2013.

Então me desculpem, mas Lula tá mal colocado na fila do martírio.

Até Moro e a mídia resolverem condená-lo por nada um negro preso como vândalo por portar Pinho Sol havia sido o grande preso sem provas do país no seculo XXI e Sininho e os 23 presos da Copa o segundo grupo de presos políticos, que tiveram as vidas destruídas com um processo em que são acusados sem prova nenhuma de conspirarem para atos terroristas.

E isso ocorreu sob o governo Dilma, do PT, eleita sob a égide do lulismo.

Não houve grandeza do PT em observar sua participação no recrudescimento do Estado Policial e de um tipo de  justiça cuja necessidade de condenação oblitera a necessidade de obtenção de provas.

Até Lula ser condenado o PT não ligava pra isso.

Até os crimes de responsabilidade inventados serem imputados à Dilma, o PT não ligava por ABIN e policias federal e civil do país inteiro perseguindo Bakunin e “terroristas’ cujo único terror era se manifestar contra seus aliados nos Estados.

E HOJE, depois de uma vereadora, lutadora de esquerda, pelos Direitos Humanos e contra este estado policial ter sido E-XE-CU-TA-DA os militontos do Lulismo desvairado obliteram a alfabetização e o bom senso porque houve texto que em um debate sobre tema bem mais relevante que a narrativa de que Lula é uma vítima como tantos outros de uma circunstância que afinal foi gerada a partir de suas escolhas políticas cobram solidariedade contra a condenação de seu líder dizendo-lhe mártir?

Passa amanhã.

O texto eu abordo com uma tentativa de contextualização historiográfica pra sustentar que a execução de Marielle pode simbolizar uma guinada dentro da sociedade sob o ponto de vista da narrativa sobre segurança e sobre a própria esquerda e tudo o mais, o texto é bem claro neste sentido, ele inclusive se presta a tentar demonstrar que a tese de uma nova ditadura militar não se sustenta.

O texto não se preta ao tipo de abordagem política rasa, minúscula, pobre, podre, desumana e covarde que usa o binarismo pra criar inimigos que organizem a malta em torno do debate fácil e do lucro imediato pra dramaturgias eleitorais que fingem que Lula não foi cúmplice de oligarquias bandoleira,s as mesmas que o traíram, como as de Sarney e Renan.

O texto pretende ser  um analista fiel do cotidiano, com análise respeitosa da conjuntura e apontamento de saídas. A mim não interessam o anti-petismo ou a bizarrice calhorda dos reacionários, contra quem esse tipo de lulista não se furta a perder sue preciso tempo combatendo.

Meu texto tenta apontar caminhos que superem esse tipo de narrativa que busca menos compreensão e mais catarse pra adquirir desavisados para seu périplo messiânico.

Meu texto propõe que tenhamos grandeza, a mesma grandeza que teve Lula de apontar que seus problemas são pequenos comparados à atrocidade com Marielle.

E aponta saídas, saídas pro debate, saídas para a proposta de país que desejamos, muitos dos lulistas incluídos.

Propõe um debate que envolva uma política de segurança pro país que garanta a justiça, que promova a preparação da polícia, a melhora das condições de trabalho, a redução de mortandade de lado a lado, a ampliação da inteligência, do apoio a policiais, a melhora na saúde e na educação que reduzam a miséria que muitas vezes é combustível utilizado pela criminalidade fardada ou não para impor opressões a pretos e pobres que vivem em comunidades.

O texto propõe que avancemos, e entendo que isso assuste a quem não consegue viver sem uma âncora fácil da política enquanto entretenimento ou adesão fútil a uma marca e a um fandom.

Ser binário e  buscar o binarismo é sempre mais cômodo do que enfrentar os demônios da luta cotidiana, inclusive os verdadeiros.

O texto busca analisar o “estrondo na narrativa de segurança pública como um terreno de armas e guerra, que abrange basicamente toda a direita, de Alckmin a Bolsonaro”.

Mas o leitor se prendeu num trecho em que menciono a martirização fake de Lula.

Este leitor quer combater Alckmin e Bolsonaro? O Lulismo quer?

Não parece.

Mas falávamos da grandeza, e da grandeza de promover algo além da mesquinha estupidez cotidiana.

E pra ter grandeza temos que possuir antes de mais nada a coragem de assumir o dever histórico de confrontar o que atravanca o bom senso, de todos os lados.

 

Comentários a respeito de Marielle e de John

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Escrever não é fácil, nunca foi, mas às vezes é preciso.

Tentei e tento refletir sobre o mundo, com meus erros e acertos, com meus medos e ódios, com meus amores, ócios e desejos.

Sou historiador e tenho por dever de ofício uma observação que não tem o direito de negar a si mesmo a tarefa de perceber o hoje, o cotidiano e suas questões.

A gente podia dizer “Desisto, o mundo é duro demais pra nós, vou embora” e não ia adiantar nada.

Sempre existem opções, a maioria escolhe se omitir e vai se omitindo, alega que foi iludido por x, y ou z, apoia canalha aqui, calhorda acolá, lulismo, dilmãe, etc.

As pessoas apoiam sonhos vãos, por questões menores entram no discurso que desqualifica luta e ai quando a bad bate mete “lutamos, dizemos, cantamos e nada acontece. Estou com medo” porque trata política como slogan, como micareta, como clube de debate chá das cinco impotente , nefelibata, cruelmente omisso.

A gente diz “Marielle, Presente!” ou tantos juvenais e Raimundos, tantos Júlios de Santana que são cruzes sem nome, sem corpos, sem data, mas são memórias de um tempo onde lutar por seu direito é um defeito que mata.

E diz porque precisa.

Eu digo isso há tempos, digo e perco, perco a rodo, perco, apanho, choro, sofro, a opção é mole, muitos as tomam, eu nunca tomei, não consigo ficar dois anos sem lutar, por mais que eu me jogue na academia.

Mas há quem desista e fique “desesperado”.

O desespero é o pior conselheiro. O medo é um dos melhores.

Quem tem medo tá atento, quem desespera ficou anos esperando para poder desesperar.

Quem espera nunca alcança, quem desespera também não.

Pessoas morrem todo dia, todo maldito dia, muitos de nós são executados, outros são esmagados pelo capitalismo, outros tantos são destroçados por pistoleiros, outros morrem do coração, muitos de câncer.

E seguimos, e precisamos seguir, temos o dever histórico de seguir, optamos, assumimos esse dever histórico.

E sim eu fico puto com desistir e se omitir, mas essas são opções.

Desesperar também, como sair da vida sem nem sempre pra entrar pra história.

Tudo isso é opção e deve ser respeitada.

O que não dá é ler, ver e sentir que muitas vezes o discurso do desespero nada mais é do que reduzir toda a batalha do “Nenhuma a menos” ou o “fascistas não passarão” que foram cunhadas com sangue nosso, alma nossa, vidas nossas a “frases”.

Durruti morreu dizendo “Fascistas não passarão!” e não passaram, não em vão e não sem porrada. Eles perderam no fim.

E só perderam porque lutamos, mesmo em minoria, mesmo sendo derrotados depois por capitalistas que nos traíram.

Igual os Curdos em Kobane, igual os índios no Brasil ou os anarquistas em 2013.

Eu não posso desistir, eu não posso me desesperar nem posso parar e não porque  sou herói, mas porque não posso sacanear quem negou liberdade concedida, quem deu a vida pra alimentar a força da nossa esperança, não tenho esse direito, não temos esse direito.

Desculpa, não temos esse direito.

E precisamos parar de confundir esperança e mobilização com salvação nacional, idem confundir história com uma lei de repetição do passado ad infinitum.

O que aconteceu em 1968 vai se repetir? Nope.

Pode haver até ampliação da intervenção militar? Pode.

Vai haver ditadura? Não sei, acho difícil.

Por que? Porque as democracias ocidentais pós-2008 já ampliaram o estado policial sem precisar de ditadura.

Os assassinos de Marielle não foram oficialmente do Estado, no máximo membros do Estado agindo às margens, mesmo que margens conhecidas, do poder do Estado.

Há anos leis antiterrorismo, aperto nas fronteiras, negações de espaço, de identidade, de possibilidade do outro são parte do discurso mundial da direita.

Trump, Le Pen, Piñera, May, Bolsonaro, Temer, Dória, Kataguiri, todos são a negação do outro, a negação da possibilidade do outro, a desumanização do diferente, a negação da alteridade.

O capitalismo não precisa da democracia, não mais, ela é problema, atravanca o caminho.

Não acreditem em mim, leiam a entrevista do Giovanni Levi no fim do livro “Micro-História, trajetória e imigrações”, na página 258:

“Hoje o problema é ver como se pode observar a reconstrução das solidariedades, o que me parece ser interessante. Dou um exemplo disso: a democracia não é mais um modelo. Até os anos 90 se pensava que a democracia era um modelo porque havia uma participação popular e desenvolvimento econômico. Depois, paulatinamente, o que ocorreu é que o desenvolvimento se separou das democracias. Quem se desenvolvia era a China, e não a Europa, ao mesmo tempo em que os governos democráticos começaram a inventar sistemas antidemocráticos. Nesse sentido, começou a ser mais importante a governabilidade do que a representatividade. Um exemplo: a reforma que começaram a fazer na Espanha neste mês [outubro]. O partido que tem a maioria de votos não tem a maioria absoluta, tem 18% e possui maior representação na administração pública. Temos muitos partidos, mas vence o que tem um voto a mais. É a verdadeira degeneração democrática. Isto é um produto dos últimos 25 anos, e paulatinamente os modelos democráticos se degeneram bem como as democracias. “

E isso se repete no Brasil.

Tá nítido, tá na cara e vem em andamento desde o fim dos anos 2000, já em 2009 e 2009, ampliou-se o estado repressor, cada vez menos se construiu um estado democrático, já sob o PT.

É culpa do PT? Sim e não.

É porque ele foi o condutor da primeira fase, mas o processo é mundial pós-crise de 2008 (E até de antes) e o PT como bom leitor de conjuntura e seguidor delas fez sua parte nessa construção e deve ser cobrado por isso.

Temer é fruto disso, é parte disso, um agravador disso, mas um agravador oportunista, que inventou a intervenção no Rio sem respaldo sequer dentro das forças policiais e armadas, por mais que o teatro tenha sido feito para parecer que sim.

A intervenção foi feita inclusive com pouco apreço pelo bom senso com o fichamento coletivo de moradores de comunidades, fruto de um despreparo, falta de planejamento alinhado a um conceito de povo e de ameaça muito mais pra anti-comunista demente que pra força armada cuidando de algo.

A execução de Marielle foi feita sob as barbas do Exército, que despreparado da mesma forma em que foi todo arrogante pra cima da ação, mesmo que com cisões internas, ignorou o concreto, o real.

E o concreto costuma tratar arrogância com escárnio.

O Estado foi pego de surpresa com a execução de Marielle Franco e com o recado embutido na execução de Marielle Franco.

O Estado ignorava a luta por Direitos Humanos e o discurso de luta por direitos Humanos, surfando na onda de quem defendia que Direitos humanos são defesa de bandido.

Só que mataram uma vereadora e o discurso de Direitos Humanos foi executado  sob as barbas dos que defendem que iria ocorrer maior segurança com uma linha dura militar que pretendia inclusive evitar novas comissões da verdade e surfar na carta branca para agirem como soldados em guerra em território estrangeiro.

A segurança sob militares tomou cinco tiros na cabeça.

E isso foi um recado, um recado que foi dado pros ativistas da favela, pro povo preto,  lutadores de DH, pra Marielle e pro PSOL de forma nítida, cristalina e arrogante, e era um recado pra causar medo, mas o resultado foi inverso,  porque o medo de alguém morrer meio que vai pro espaço quando alguém morre.

A própria cadeia de comando que possa estar envolvida em ações criminosas deve ter ficado perdida, correndo da sala da cozinha porque um grupo de jênios resolveu matar uma vereadora negra contra a Intervenção no Rio.

O recado também foi um recado indireto que foi dado pras Forças Armadas, que não soube responder.

A ação da Polícia Civil antecipando que foi execução e não há outra hipótese é um berro , um grito claro que o aparato de segurança do Rio está rachado e que a PC não quer amaciar pra PM e menos ainda curtiu virar assessor de milico.

A sugestão da PF pelo inepto do Jungman foi um tímido, incompetente e tímido, aceno que o governo iria meter as mãos no caso pra tentar salvar sua barra enquanto interventor, mas isso sem passar pelo Interventor em si.

Um Interventor que está em estranho e absurdamente omisso silêncio.

Ou seja, o caso levou a uma desmoralização gritante da intervenção, não à toa jornaleiros estão tentando emplacar o agá que a execução prova o acerto da intervenção, uma Intervenção cujo interventor não se posiciona diante de um flagrante caso de zombaria a seu poder e de sérios problemas na cadeia de comando.

Um general comanda uma Intervenção onde ocorre uma execução e quem fala é um subordinado, afinal o chefe da PC é um subordinado do general enquanto secretário de segurança?

Quem fala pelo comandante é ou seu porta voz ou ele mesmo, um subordinado significa que o comandante não comanda.

Um comandante militar que não comanda e não responde a um recado. mas uma esquerda que prontamente respondeu: Vamos pra cima e com medo mesmo!

A execução de Marielle levou a uma mobilização que a esquerda não fazia há anos.

Gente como eu foi às ruas mesmo desencantado há anos, voltou e voltará a militar exatamente porque percebeu-se acuado diante de uma perda completa de controle por reacionários, defensores de polícia violenta,etc.

A mobilização tem muita gente jovem, muito oportunista, muito sonho, muita gente que sabe que ou luta ou roda.

No que vai dar isso? Não sei, mas o clima azedou pra defesa do Bandido Bom/Bandido morto e pra quem chama esquerdista de safado o tempo todo em rede social ou no dia a dia.

E por que azedou? Porque nos percebemos gente de novo, que precisamos de abraços e cuidado, porque mulheres pretas pobres se viram mortas com suas filhas e filhos desamparados,porque um motorista de Über fazendo bico porque sua esposa estava com salário atrasado pelo Governo do Estado foi executado, porque a Maré chorou,o Alemão chorou, o Guabiroba chorou.

A morte e o luto são fronteiras, são pórticos que nos exigem um tipo de atitude, uma ação e uma percepção do mundo, uma contemplação da finitude para que mudemos a vida.

A sociedade está de luto. Mesmo quem discordava de Marielle.

Não ficou em pé a narrativa, nenhuma narrativa que culpa a vítima e seu partido por sua morte, nem  a tentativa de dizer que foi assalto, quem defende isso está passando por canalha.

Liberais saíram da toca também, o Estado Democrático de direito voltou a ser defendido.

Ninguém faz pauta positiva sobre vereador do PSOL nos Jornal Nacional, da Globo ou Jornal Hoje porque quer.

Menos ainda nos sites, menos ainda nos púlpitos, ONGs.

Um limite foi ultrapassado e para além dos 100 mil de 1968.

Edson Luiz era um estudante, podia ser seu filho,mas e Marielle Franco?

Tem uma diferença entre Edson Luiz e Marielle Franco que universaliza o medo pânico,  tira liberais e até conservadores da cômoda posição de achincalhadores de socialistas e os impõe a defesa do Estado Democrático de Direito.

A diferença é que Marielle era uma vereadora, podia ser o do seu partido.

A esquerda estava isolada, nas cordas, quase nocauteada, vivendo da busca por um salvador da pátria, vivendo sob uma martirização fake de um ex-presidente cúmplice de oligarquias bandoleiras. Agora não está mais.

O luto e a dor colocou a esquerda na rua, para se abraçar, lamber suas feridas, se reconhecer, se reentender e sua rede de solidariedade e seu ethos que está acima das disputas fratricidas por maioria em partidos, por candidaturas ou discursos.

Em nome disso discursos mudaram, ganharam ou perderam força.

O discurso de Lula perdeu força e fôlego, o próprio Lula admitiu que a tragédia de Marielle é uma tragédia, a dele não.

Já o discurso de Freixo e Boulos ganhou força e fôlego.

Querendo ou não o PSOL ganha com seu discurso e tem material intelectual, moral, e político pra discutir a principal pauta da eleição de 2018: A segurança.

A economia era um tema que divida atenções, e é um ponto fraco do PSOL, mas a execução da Marielle mudou o eixo, colocou ou pelo menos ampliou a segurança no colo de todos os presidenciáveis.

E armar mais a polícia não é exatamente a melhor saída em discurso, imagina defender mais armamento pra polícias que matam vereadoras?

A narrativa, por mais que amanhã inventem outro culpado, aponta pra policias como executores de Marielle, as balas vieram de um lote comprado pela PF em 2006, lote este que também teve munição usada na chacina de Osasco e Barueri em 2015 , onde três policias militares foram condenados.

Esse estrondo na narrativa de segurança pública como um terreno de armas e guerra, que abrange basicamente toda a direita, de Alckmin a Bolsonaro, não é pouca coisa.

Quem não se mexer com  o discurso nessa área, em que a defesa de que estamos em “guerra Civil” aponta pra ampliação da violência nas favelas e vilas,  vai dançar.

Porque todas as vilas, Favelas estão vendo o resultado de uma política de confronto eterno e de policias montadas no discurso racista de de criminalização da pobreza.

Marielle era uma deles, era uma das moradoras de favela, periferia, era preta, era mulher, era alvo.

Pretas e mulheres, mulheres pretas, sentiram na alma essa dor.

E Marielle foi além de si, foi além de nós, tomou as lentes, a mídia, os discursos, seja da Raquel Dodge ou da Yeda Crusius do PSDB, seja do Parlamento Europeu, ela e seu discurso forma além da esquerda, além das fronteiras do Rio e do Brasil.

O discurso de Marielle percorre o pais e o mundo, jornais o explicam, e esse discurso tem uma galera que o repete há anos: Seu partido.

E um partido onde um líder do movimento dos Sem Teto e uma índia são candidatos a presidente, em que lutadores com discurso igual ao de Marielle Franco vão todos os dias pras ruas defender a mesma ideia.

Quem era antes alvo achincalhado por reacionários crentes de uma superioridade sustentável, hoje desfruta de um holofote e percepção prioritária de pertencimento a um valor compartilhado positivamente por milhares, milhões, mundo afora, país e Rio afora.

Até participantes de You Tube vão falar disso agora, vários, com milhões de seguidores, estão se mobilizando pra tratar do trema em uma ação anti reaça.

Sabe o Rogerinho do Ingá? Vai gravar vídeo sobre política.

Parece que o jogo virou, queridinha!

Alckmin, Doria, Bolsonaro estão em silêncio, alguns estrategicamente, porque iriam ser confrontados com os números de sua polícia, outros por incompetência, medo, soberba ou tudo isso junto.

Seus bots estão tentando emplacar o discurso que foi assalto, mas perdem a olhos vistos a narrativa.

É hora da pauta ser mantida com a junção de suas singularidades e  transversalidades com a economia, moradia, educação e saúde.

É preciso consolidar o esforço de discutir o estado democrático de direito, sua polícia.

E sim, é preciso falar de polícia, falar da polícia que mais morre e mais mata, da polícia que se acha herói, mas é bucha de canhão.

E que sim é pra pedir o fim da polícia militar e que isso não é pedir o desemprego pra policiais militares, mas o fim de uma corporação que apodreceu por nascer de árvore envenenada de racismo.

Policiais precisam saber que eles precisam também viver e que a lógica de guerra os mata tanto quanto eles matam e é preciso que eles sejam cidadãos, civis, empregados, treinados, com suporte psicológico, técnico-científico,estrutura de inteligência, moradia, alimentação, equilíbrio físico e mental para exercer sua tarefa.

A esquerda precisa enfrentar este debate com clareza e chamar quem diz que defendemos bandidos pelo nome: Mentiroso canalha.

Defende bandido quem defende a manutenção de uma estrutura de depauperação do trabalho policial que é criadouro de milicianos.

Defende bandido quem defende que a polícia permanece despreparada e ganhando mal, mas mega armada, pra satisfazer sadismos de parte da população que vive com um medo construído cotidianamente por jornais, sites e políticos que lucram politicamente, e às vezes não só, com o acirramento e uma cultura de guerra racista e que divide estados em territórios e mata vereadoras.

E sim, dá medo. Mas é preciso avançar.

Tá com medo? Vai com medo mesmo.

Nova Ditadura? Não há nada que me identifique isso, embora exista sim uma ampliação dos mecanismos de controle estatal sobre o indivíduo, mas isso existe desde sempre e nem sempre virou ditadura.

Mais precisamente a ideia de uma identificação do cidadão pelo Estado, o famoso RG, é fruto da amplificação do estado autoritário desde o fim do XIX, em todo o mundo pipocaram ditaduras, mas nem sempre ocorreram ditaduras, mesmo em estados como os EUA que tem imenso controle sobre o indivíduo.

Isso reduziu de tamanho dos anos 1950 até os anos 1980, mas voltou a acirrar e hoje vive novamente uma espécie de ápice do estado policial.

E esse estado policial no Brasil era a base com que se sustentava o discurso ultra-conservador, mas parte de quem lucra com ele atravessou o rubicão.

Hoje o clima mudou e pro lado da esquerda, é preciso aproveitar isso, sem precisar se oportunista, mas ampliando nossas pautas e nossos debates.

Eu sei que o tempo andou mexendo com a gente, que a felicidade é uma arma quente.

Mas é preciso que a gente grite que queremos decidir sobre nossas vidas e que não podemos perder mais ninguém.

E Marielle lutava por isso, morreu lutando por isso, e nos deixou o legado de sua luta.

E é preciso que a gente faça o sol nascer e sempre lembremos dela e dessa legião que se entregou por um novo dia.

É preciso que a gente cante e agradeça sempre essa mão, essa voz, essa alma calejada e solidária, todas essas almas calejadas e solidária,s que nos deu tanta alegria.

Porque a felicidade do negro é uma felicidade guerreira.

 Obrigado, Marielle!