A primeira informação que qualquer um que esbarre em “Cronos” precisa saber antes mesmo de ver é que se trata de uma obra-prima.
Sim, Guillermo Del Toro inicia sua carreira cinematográfica metendo o pé na porta, introduzindo em inovações em um cinema de horror que por sua característica extremamente canônica por vezes tende a desprezar a originalidade.
Se o cineasta mexicano demorou a conseguir que Hollywood fosse com ele menos do que uma camisa de força, não é o que se vê em seu primeiro longa, que só encontra qualidade similar em “A Espinha do diabo”(2001) e um pouco inferior em “O Labirinto do fauno”(2006).
Como filme, roteiro, direção e originalidade “Cronos” é um filme que só é superado na filmografia de Del Toro pela outra obra prima “A forma na água” (que ainda traz consigo brilhantes homenagens ao cinema como um todo e às artes plásticas, com uma cenografia e direção de arte que remete imediatamente às obras do artista plástico Edward Hopper).
Del Toro apresenta em “Cronos” a história de Jesus Gris (Federico Lupi), um antiquário apaixonado pela neta e que recebe em sua loja uma obra rara, que contém em sue interior um artefato desenvolvido em 1536 por um alquimista e que concede vida eterna a quem o detém.
Gris percebe que saem de uma estatueta um tipo de besouro ou barata que acende sua curiosidade. Mexendo mexer nela, encontra um tipo de objeto que parece um besouro e nele fere o dedo. Depois desse evento ele começa a perceber que aparentemente está rejuvenescendo e segue utilizando de formas cada vez mais invasivas o objeto. Nesse meio tempo, um homem rico e enfermo chamado De la Guardia (Claudio Brook) procura de forma ensandecida ter a posse da estatueta, e com ela do objeto, para curar a sua vida e para isso usa seu sobrinho Angel (Ron Perlman) para procurá-la e utilizar os meios, legais e ilegais, disponíveis para obtê-la.
No decorrer do filme entramos em contato com inovaçẽos no cânone do horror, no debate sobre a imortalidade, seus preços e com abordagens novas a respeito dos cânones do Horror e de arquétipos fundacionais do próprio gênero.
A construção cênica, as atuações, o roteiro, tudo aponta para um cineasta, produtor e roteirista extremamente preocupado,desde o primeiro filme, com novos aspectos do gênero pelo qual é apaixonado no âmbito dos detalhes. Del Toro inaugura uma perspectiva que escoa para novas formas de Horror também criadas por ele e Chuck Hogan em “The Strain” (2014).
A inquietude de Del Toro faz de “Cronos” um filme obrigatório e um clássico do cinema.
“Cronos” está disponível no Prime Video.
Você precisa fazer login para comentar.